segunda-feira, 4 de março de 2013

Banca absorveu 52% dos créditos em 2012


Em Portugal o Crédito à Habitação (CH) representa 52% do total dos créditos bancários. E nos últimos anos o CH foi muito superior ao crescimento do PIB. Entre 1997 e 2012 o crescimento do PIB foi de 1,4% e o CH foi de 10,9%.


Quanto às taxas de imparidade, a taxa de perda duplicou entre 2006 e 2012 na banca portuguesa. Se em 2006 representava 0,25% do PIB em 2012 já era de 2%. 

Estas foram algumas das conclusões que Rodrigo Lourenço, partner da PWC, revelou na sua apresentação na conferência organizada pela AESE - Escola de Direção e Negócios, através do seu Agrupamento de Alumni, "A Gestão dos Ativos Imobiliários da Banca na sequência da crise financeira e do sector imobiliário", patrocinada pela Euro Estates, Consultoria e Serviços Imobiliários.
O especialista referiu que "se a maioria dos ativos nos bancos estão associados ao imobiliário, haverá um grave problema de sustentabilidade no sector bancário".
Ao fazer uma comparação entre a Europa e os Estados Unidos da América (EUA), Rodrigo Lourenço revelou que o velho Continente recorre muito mais à banca para financiamento do que os EUA: "Enquanto na Europa representa 349% nos EUA é de 78%.
Rui Semedo, presidente do conselho de administração do Banco Popular presente nesta conferência salientou que "quem está num banco depressa descobre um promotor imobiliário dentro dele". O responsável alertou para o facto que o problema do imobiliário é só um: o mercado. "Ficamos sempre nas mãos do mercado".
O Banco Popular ficou o ano passado com 4.500 imóveis e Rui Semedo garante que apesar de ficarem com estes ativos não os vendem por qualquer preço. O ano passado conseguiram encaixar 60 milhões de euros na venda dos seus imóveis e garantiu que venderam bem. A perda sobre o valor de aquisição foi de apenas 12% e nos resultados líquidos do final do ano, o banco não perdeu nada.
Apesar das restrições ao crédito à habitação, Rui Semedo revelou: "o que um banco pretende é fazer crédito à habitação mas sempre garantindo o risco, naturalmente". O responsável lembrou ainda que os fundos imobiliários e as sociedades imobiliárias podem ser uma boa saída para o mercado. "É uma área em que a cooperação pode encontrar soluções".
O presidente do Banco Popular salientou ainda que não há receitas para sair da crise mas assegurou que o imobiliário continua a ser o grande investimento sobretudo nos centros urbanos.
Também José Luís Suarez, professor do IESE - AESE, falou da realidade espanhola e referiu que 79% do património em Espanha é de imobiliário e este sector é tão importante como a banca. Depois de um crescimento alucinante em 2006 do sector imobiliário na ordem dos 40%, a Espanha entrou numa queda a pique. Em 2007 foram concedidos 153 mil milhões de euros para crédito à construção e em 2012 foi de 88 mil milhões. Já para a atividade imobiliária em 2007 foi de 304 mil milhões de euros e em 2012 foi de 280 mil milhões.
Suarez revelou que em Espanha também o turismo residencial poderá ser uma saída e que são os estrangeiros quem mais estão a comprar casas, sobretudo nórdicos e também agora os russos.
in OJE

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