Durante muitos
anos o Mediador Imobiliário foi considerado, pelos players do mercado e também
pelo consumidor final, como um mal necessário.
Talvez pela falta de valorização própria, ou por algumas falhas de competências base, atenção também bem presentes em outras atividades, o Mediador era visto como um oportunista que de certa forma atrapalhava ou inflacionava a transação. Contudo foi preciso que o mercado caísse de forma quase abrupta, para níveis transacionáveis jamais vistos em Portugal, para que os mesmos players e consumidor final começassem a recorrer e sobretudo a ouvir os Mediadores Imobiliários ainda existentes.
E podemos começar por aqui, ainda existentes.
Esta quebra de mercado trouxe muitas novidades à classe da Mediação. O chamados
especuladores desapareceram, possivelmente assustados com a situação de quebra
do Mercado e sem grandes soluções para se reinventarem optaram por ir à procura
de outros negócios. Também houve outros tantos que não mudando por não quererem
arriscar em sair da sua realidade (zona de conforto) ficaram à espera, à espera
que o mercado voltasse àquilo que era, pois na opinião deles seria a única forma
de sobreviverem, eu diria a única forma de “morrerem lentamente”.
Felizmente emergiu uma nova classe, Mediadores
que se reinventaram, formaram-se, foram à procura de outras soluções em outros
países de mercados similares ou mais evoluídos, associaram-se procurando
sinergias, mudaram a forma de trabalhar indo ao encontro do verdadeiro cliente
(aquele que quer mesmo o serviço da Mediação), a esses coube e irá caber o
prémio de terem vencido, de terem acreditado, mas sobretudo de terem
mudado.
O Mediador Imobiliário tem uma característica
única, que a maior parte dos players deste ramo não tem, possivelmente porque
não estão vocacionados para isso ou porque simplesmente não querem e preferem
recorrer aos serviços de um Mediador de confiança. Trata-se da especialização ao
nível da informação geral de uma determinada zona.
Qual é gestor imobiliário, avaliador, consultor
ou cliente em geral que não gostaria de saber em tempo real os seguintes dados
referentes às zonas onde estão inseridos os seus imóveis:
- Qual o valor real de transação hoje e nos últimos 3 a 6 meses?
- Qual o perfil das pessoas que compram nessa zona?
- Qual a capacidade financeira ou de endividamento?
- De onde vêm essas pessoas?
- Preferem comprar ou arrendar?
- Quais os valores que estão dispostos a pagar?
- Quando o imóvel é muito específico, qual será a pessoas que o poderá comprar ou arrendar?
- Quais são as tendências dessa zona? Imóveis para obras, equipados, etc…
- Quais são os melhores meios publicitários e de marketing?
Quanto vale essa informação? Principalmente
quando tratada e fundamentada? Possivelmente muito mais do que 5%+IVA.
Além disso, também será importante referir que
o Mediador Imobiliário competente, não só opina factualmente sobre as
características da zona em que ele se especializou, mas também está lá para
solucionar a situação ou seja compromete-se a promover o imóvel com o objetivo
de vender ou arrendar, ou seja colocar o imóvel no Mercado.
Cada vez mais o Mediador Imobiliário assume e
assumirá um papel muito relevante no mercado, seja antes, durante ou depois de
qualquer projeto ou transação. O seu papel consultivo não deverá ser confundido
com o do Consultor Imobiliário, o qual terá competência única e especifica no
tratamento e estudo de um projeto com ou sem ter em vista uma transação. O
Mediador deverá funcionar ao lado dele, em parceira como forte aliado que lhe
vai trazer a atualização diária do comportamento do tal mercado em que ele se
especializou.
Cada vez estamos mais longe dos consumidores
finais que ultrapassavam o serviço do mediador, por vezes colocando-se em
posições menos próprias no que diz respeito à ética, servindo-se de forma
gratuita do serviço de um, possivelmente, ingénuo profissional.
O Mediador está evoluído, diferente, adaptado e
com a noção clara do serviço que presta, mas acima de tudo da mais-valia que
tem.
É fantástico verificar que a maioria da banca
portuguesa resolveu os seus principais problemas de desinvestimento através do
canal mediação. E não resolve os restantes muitas vezes por falta de gestão,
compreensão ou burocracias internas. Que algumas autarquias convocam alguns
mediadores locais para os ouvirem sobre as tendências imobiliárias do concelho,
acima de tudo para perceberem o que as pessoas escolhem e pretendem ao nível do
imobiliário e do urbanismo.
Claro que, em todas as atividades há e haverá
sempre bons e maus profissionais, a escolha será sempre de quem é ou quer ser
mau profissional, e de quem os contrata.
Por Massimo Forte, Consultor, Coach,
Professor Universitário
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