Investimento estrangeiro vai nos 14%. Reformados
europeus apostam em segundas habitações
Crises
à parte, o sector do imobiliário começa a acordar. Só no primeiro trimestre
deste ano, foram transaccionados cerca de 24 mil imóveis, entre rústicos,
urbanos e mistos. Destes, 3500 (14%) corresponderam a investimento estrangeiro.
Janeiro foi o melhor mês, com 37% do total de transacções.
Estes
números traduzem o dinamismo crescente do mercado imobiliário português,
defendeu o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação
Imobiliária (APEMIP), Luís Lima. "Ainda que um pouco tímido, este valor é
reflexo do progresso do mercado interno, que tem sido contagiado positivamente
pelo programa de autorização de residência para investimento e pelo regime
fiscal para residentes não habituais", afirmou. Ao contrário do que se
possa pensar, ao abrigo deste regime fiscal, há muita procura de segundas habitações
por parte dos reformados europeus, que preferem apostar num país de clima ameno
e hospitaleiro, como Portugal. "A procura externa do nosso imobiliário não
visa exclusivamente o segmento mais luxuoso", realçou a mesma fonte.
A
Confidencial Imobiliário (Ci), através de um inquérito mensal, realizado em
parceria com o RICS (Royal Institution of Chartered Surveyors), também concluiu
que já se verifica uma forte procura por parte das famílias e também dos
investidores estrangeiros. "Estes últimos, motivados pelo novo regime
fiscal para não residentes e pela política de Golden Visa", disse o
director da publicação, Ricardo Guimarães. Agora, só falta que "os bancos
comecem a atenuar as restrições das condições de crédito", acrescentou.
Luís
Lima referiu igualmente haver agora mais procura no mercado interno para
aplicação de poupança no sector imobiliário como investimento seguro. "Por
estranho que pareça, reconquistada a confiança, o imobiliário pode até
funcionar como saída para aqueles que conseguiram fazer algumas poupanças e
aplicá-las em segurança ", disse. O profissional lembrou que esta é uma
forma de os portugueses obterem rendimentos que compensem as perdas sofridas
durante a crise, "à semelhança do que já aconteceu quando o imobiliário destinado
ao arrendamento urbano foi fonte de rendimento de alguns investidores".
Mas os impostos continuam a ser um dos grandes
entraves ao dinamismo deste mercado. Referindo-se ao imposto municipal sobre
imóveis (IMI), Luís Lima fala mesmo de "gula fiscal", o que, na sua
opinião, é assustador.
Recorde-se
que este imposto foi alvo de uma reavaliação que levou a um aumento substancial
do seu valor. De tal forma, que o poder fiscal aceitou, nas palavras do
presidente da APEMIP, "disfarçar as brutais subidas" consagrando cláusulas
de salvaguarda durante três anos. Como este período está a chegar ao fim,
"os aumentos do IMI deixarão de ser travados e os valores que se adivinham
irão ser insuportáveis para muitas famílias", disse.
Outro problema é o do Imposto sobre as Transacções
Onerosas (IMT). De acordo com a mesma fonte, seria de extrema importância que
desaparecesse, por ser de uma "injustiça fiscal gritante" que
configura até uma dupla tributação.
Artigo escrito por Solange Sousa Mendes, publicado em www.ionline.pt | segunda-feira, 12 de maio de 2014
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