
O sector imobiliário está a passar
por grandes alterações. Hoje em dia, é o arrendamento que está a dominar
a procura imobiliária, ao contrário do que se passava até há bem pouco
tempo. Com a venda de imóveis a diminuir drasticamente e os
arrendamentos a aumentar, estamos a assistir a uma importante mudança de
hábitos.
O arrendamento é muito mais do que
um contrato. É um negócio. Com esta mudança de hábitos o negócio dos
arrendamentos toma uma importância substancialmente maior. Este negócio
deve servir os interesses de ambas as partes. No entanto, ao longo de
anos, os interesses destas partes, senhorios e inquilinos, que um dia
caminharam juntos, foram afastados por um “muro” que se ergueu fruto da
política e legislação para o mercado do arrendamento. Em regra os
senhorios querem que os inquilinos estejam satisfeitos nas suas casas
tal como os inquilinos quererem que os senhorios estejam satisfeitos com
a sua presença, e ambos têm um objectivo comum de zelar pelo bem estar e
pela permanência da sua relação.
Mas é quando esta relação deixa de ser vista como um negócio que os parceiros se transformam em rivais. Os senhorios deixam de ter incentivos e condições para prestar um bom serviço e os inquilinos deixam de ter condições e autoridade para o exigir.
Ao longo dos anos, a legislação
sobre o arrendamento afectou de forma negativa o negócio dos
proprietários e estes, naturalmente, fizeram reflectir a deterioração do
seu negócio na outra parte, os inquilinos. Quando não se recebe o valor
justo por um serviço não se lho pode oferecer, por isso os senhorios
impedidos de aumentar as suas receitas ou pelo menos mantê-las, tiveram
de equilibrar a balança com a outra parte da equação: os seus custos. As
obras de manutenção nos seus imóveis deixam de ser feitas, os imóveis
degradam-se e com eles as suas cidades, cidades paradas no tempo,
congeladas com as suas rendas e abandonadas como são abandonados os
negócios que não têm futuro.
Ninguém quer entrar num negócio que não é negócio. Mas, hoje, há quem tenha necessidade em transformar-se em senhorio. O mercado mudou, a liquidez desapareceu e os proprietários não conseguem vender as suas casas. Os proprietários não escolheram, mas estão a ser obrigados a transformarem-se em senhorios das casas que não conseguem vender, e em inquilinos das casas que não conseguem comprar.
A atividade no mercado de
arrendamento habitacional português voltou a crescer em Dezembro e tem
tendência para continuar a crescer durante os próximos tempos. Sendo
assim, se a procura pelo arrendamento aumenta, também a oferta terá de
responder e o mercado terá de se ajustar baixando os preços e subindo a
qualidade de serviço. Agora, mais do que nunca, o arrendamento tem que
voltar a ser um negócio para todos os senhorios e para todos os
inquilinos.
Founder Keyzzy
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