
A maioria dos casais que procura casa para arrendar não encontra o que deseja. Isto porque a oferta continua desajustada da procura, tanto a nível de localizações como de preços e tipologias.
Uma realidade
que foi visível nos últimos anos, que continuou a verificar-se em 2014, e
continuará a existir tendo em conta que não há uma política de habitação em
Portugal que permita criar medidas de resolvam estas lacunas.
Esta situação é visível em Lisboa e no Porto, mas também em outras cidades
do país, com nuances próprias em cada mercado. O "Imobiliário"
procurou saber como se encontra o mercado do arrendamento em Lisboa, e o que
precisa para que possa funcionar bem.
Um desses casos paradigmáticos é o do Parque das Nações, onde a procura é,
neste momento, várias vezes superior à oferta e onde os preços para uma
tipologia T1, com as mesmas características, apresenta rendas mensais de 1.100
a 1.200 euros, na primeira linha de rio, descendo para os 700 a 750 euros, na
zona junto à ponte Vasco da Gama. Contudo, se o imóvel se localizar numa das
torres do Vasco da Gama, os valores do arrendamento facilmente disparam para os
1.700 euros ou 2.000 euros (T2).
Quem precisa de
uma casa, com valores de arrendamento entre os 500 a 600 euros, tem de procurar
outras zonas de Lisboa, como Alfama ou o Bairro Alto, Anjos, ou Almirante
Reis. São jovens e estrangeiros, que não se preocupam com a confusão da zona, e
de os apartamentos não terem garagem.
As zonas tradicionais, como as Avenidas Novas, são procuradas por pessoas
com um maior poder de compra, sendo que aí um apartamento T2 ou T3 tem uma
renda média de 2.000 euros.
No Mercado de Arrendamento em Campo de Ourique, um T1, com 42 m2 de área útil,
pedindo uma renda de 450 euros. Já um T2, na mesma zona, com 70 m2 de área,
dependendo dos condomínios, atinge os 600 a 750 euros de renda. Embora se
verifique alguma carência na oferta, os preços mantêm-se mais ou menos
estáveis. Também existe um limite, porque as pessoas não estão dispostas a
pagar mais, as pessoas querem viver nesse local, mas por um preço
razoável.
Para conseguir valores de 500 euros mensais os interessados terão de
procurar zonas como a Graça, Almirante Reis ou Campolide, onde vai aparecendo
alguma oferta dentro destes valores.
Baixa/Chiado
A procura de casa para arrendar na Baixa de Lisboa é significativa,
mas a oferta é escassa. Existe, nesta zona,uma alta pressão, porque as pessoas
procuram com alguma intensidade, mas não encontram facilmente. Lá vãp
aparecendo algumas frações reabilitadas, mas são logo ocupadas.
Na zona
Chiado/Lapa vai aparecendo alguma oferta no arrendamento tradicional,
embora seja rapidamente escoada. A procura é, especialmente, levada a cabo
pelos jovens casais, estudantes e alguns estrangeiros, sendo que os preços
médios são superiores aos 600 a 700 euros.
Simultaneamente existe um arrendamento de gama alta, em condomínios de luxo,
cujos valores de renda rondam os dois mil euros, atingindo por vezes os quatro
mil euros.
A oferta que aparece é sobretudo constituída por prédios reabilitados.São
apartamentos localizados em bons prédios, já que de outra forma os
arrendatários não têm confiança e não querem arrendar.
O que o mercado procura e tem dificuldade em
encontrar
Procuramos saber junto dos profissionais que estão no
terreno quais são os maiores entraves ao funcionamento do mercado do
arrendamento. Deixamos alguns dos aspetos que são considerados os mais
importantes:
Zonas com maior procura: os centros das cidades de Lisboa e do Porto, e
de uma maneira geral de cidades mais pequenas, são zonas onde a procura,
especialmente por parte dos jovens estudantes, recém-licenciados, casais jovens
e estrangeiros, é significativa. Contudo, a oferta, a preços interessantes, é
escassa ou quase inexistente.
Valor das rendas: de acordo com o Catálogo de Estudos da APEMIP, a
procura é essencialmente centrada nos imóveis de valores entre os 300 e os 500
euros, sendo que esta não é totalmente satisfeita pela oferta. Esta oferta é
residual e encontra-se apenas em zonas pouco interessantes para viver.
Escassez de
tipologias grandes:
essencialmente da tipologia T3. Nos primeiros nove meses de 2014, e ainda de
acordo com os dados da APEMIP, a procura por esta tipologia rondou os 31%,
enquanto a oferta se fixava nos 14%.
Falta de apoios à reabilitação: o aumento da oferta
destinada a colocar no mercado do arrendamento só é possível através do
incremento da reabilitação. Contudo, os proprietários e investidores continuam
a afirmar que as medidas de apoio que existem são insuficientes e é necessário
fazer mais, em especial, a nível fiscal. Recorde-se que nesta altura o mercado
aguarda a divulgação das medidas de apoio no âmbito do próximo quadro
comunitário (Portugal 2020), cujo montante, anuncia o pelo Governo, atinge os
2,5 mil milhões de euros.
Fonte:
VidaEconómica
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