Numa
altura em que o setor imobiliário português se encontra em profunda crise,
fatores como a necessidade de população nas cidades, volatilidade do emprego e
famílias monoparentais justificam uma aposta do setor na reabilitação e no
arrendamento urbanos.
Já
é bastante consensual que o futuro do imobiliário tem que passar pela
reabilitação urbana e pelo arrendamento, criando uma nova dinâmica que responda
às necessidades das famílias. E esta foi uma das principais conclusões do
recente seminário organizado pelo Montepio, «A Recuperação do Mercado
Imobiliário».
José
Almeida Guerra, presidente da Rockbuilding, um dos presentes no evento,
comentou que «não temos de produzir ‘stock'. Temos de ir onde há procura e
produzir o que se vende. É a procura que nos vai comandar, haja imaginação para
segui-la».
Por
um lado, os arrendamentos devem tornar-se mais acessíveis, com o crescente
número de divórcios e de famílias monoparentais. Sobre este facto, Fernando
Santo, atual responsável pelo Montepio Gestão de Ativos Imobiliários, considera
que «é preciso existir um sector que produza bens ajustados às necessidades
das famílias, em termos da dimensão, qualidade ou preço que podem pagar».
Continua que «as políticas públicas deveriam ter esse objectivo, o que não
aconteceu no passado».
Citado
pelo Económico, Fernando Santo explica que, até agora, os incentivos eram
dirigidos à compra de casa, um paradigma que tem de mudar: «é necessária a
revisão de todas as disposições legais porque foram todas desenvolvidas para a
construção nova nos últimos 30 anos. As políticas nacionais são muito
importantes no enquadramento geral, quer no que se refere à simplificação dos
procedimentos, quer na aproximação da tributação dos rendimentos prediais aos regimes
fiscais aplicáveis a outros investimentos».
Por
seu lado, António Gil Machado, diretor da Vida Imobiliária, considera que um
dos grandes entraves atualmente é «o excesso de burocracia, além de normas
sobrepostas e até contraditórias [incorporadas numa multiplicidade de
regulamentos]».
No
entanto, a reabilitação urbana tem visto alguns melhoramentos, nomeadamente a
nível fiscal, notados por Alexandra Martins, partner da KPMG. A responsável
adianta o caso da taxa reduzida de IVA a 6%, embora considere que «a Administração
Tributária continua a ter um entendimento muito conservador sobre o âmbito de
aplicação dessa taxa».
E,
para Reis Campos, presidente da CPCI, a fiscalidade «deveria ser uma parte
essencial da atractividade deste mercado. A reabilitação urbana tem de ser
atrativa para os investidores e tem de ser complementada por incentivos fiscais
ao investimento», aponta.
Miguel Castro Neto, Secretário de Estado do
Ordenamento do Território, por seu lado, assume que, para o Governo, «a
reabilitação urbana é um enorme ativo e temos dado passos nesse sentido»,
dando o exemplo da nova Lei de Bases do Solo. «Enquanto Governo acreditamos
que o sector imobiliário terá de passar pela reabilitação urbana e pelo mercado
do arrendamento. Existem arestas a limar mas está criado o enquadramento legal
necessário. Caberá ao sector regenerar-se e apostar na reabilitação» para
que tal aconteça.
Artigo publicado em www.pt.vidaimobiliaria.com | segunda-feira, 28 e abril de 2014
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