“Isto é uma novidade em relação ao
ano passado", quando, pura e simplesmente, a perspectiva era "não se
investe em Portugal, porque o risco do país era demasiado elevado, qualquer que
fosse o retorno", disse à Lusa o diretor do departamento de investimento
da Cushman & Wakefield, Luís Rocha Antunes.
"Há uma considerável
retoma de confiança do ponto de vista de alguns investidores internacionais em
relação à viabilidade da Europa do sul", garantiu o representante de uma
das empresas participantes no Mercado Internacional de Profissionais de
Imobiliário (MIPIM), que terminou hoje, em Cannes.
Jerry Harris, diretor-geral
da Abacus, assegurou que "o volume de dinheiro que está a ser aplicado em
muitos mercados na Europa está a ser substancialmente mais do que no
passado", e que "parte deste movimento de capital vai acabar
direcionado em Portugal, o que é óptimo, porque tem sido bastante ausente nos
últimos anos".
O administrador Pedro Coelho da Square Asset Management,
sociedade gestora de fundos de investimento imobiliário, confirmou que,
"nos últimos dois ou três anos, o interesse [em Portugal] era muito pouco
ou nenhum", tendência que se alterou nesta edição.
"Era mais ou
quase um interesse de cortesia, porque interesse concreto não havia nenhum.
Este ano não foi assim. Havia já um interesse concreto em saber coisas e em
procurar investimentos em concreto".
Para o administrador verifica-se uma
"onda de arraste" que teve início no Reino Unido e que "foi
alargando para a Europa continental", a países como a Alemanha e a França.
"No
início do ano passado começou a chegar um pouco aos países do sul, leia-se
Itália e Espanha, e, à medida que, do ponto de vista de 'mancha', vai
aumentando [o interesse], é natural que comece a chegar algum [a
Portugal]", explicou.
"Como as taxas de juro da dívida pública
começaram a descer, é visto que, no fundo, o país tem menos risco e os
investidores querem comprar com um retorno mais elevado, mas já querem comprar,
coisa que há um ano atrás não queriam mesmo", acrescentou Pedro Coelho.
Luís
Rocha Antunes considera que o maior ponto de interrogação dos investidores tem
a ver com "os mercados ocupacionais".
"Isto é, há uma taxa de
desocupação no mercado de escritórios e noutros mercados. E se, em alguns
casos, ainda estão estáveis, noutros casos, estão em queda", alertou.
"Os
investidores em Portugal procuram investimentos de relativamente baixo risco,
porque o risco está no mercado, está em Portugal, e por isso há dificuldade em
encontrar produto", referiu Jerry Harris, da Abacus, sem deixar de dar a
conhecer que, "ao nível de centros comerciais, há produto bom e produto
estável".
O MIPIM, a maior feira dedicada ao setor imobiliário e à
promoção imobiliária, recebeu, de 11 a 14 de março, 20 empresas portuguesas no
Palais des Festivals de Cannes.
Este salão é entendido como obrigatório para
os profissionais do imobiliário do mundo inteiro, no qual os maiores projetos
são muitas vezes apresentados em primeira mão.
Artigo publicado em casa.sapo.pt/Notícias | terça-feira, 18 de março de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário